terça-feira, 10 de novembro de 2009

Entrevista com o poeta Luis Édio Leal Costa

No ano em que a União Picoense de Escritores - UPE completa 10 anos de existência, o Portal O Povo entrevista o poeta idealizador dessa entidade.


No ano em que a União Picoense de Escritores - UPE completa 10 anos de existência, o Portal O Povo entrevista o poeta idealizador dessa entidade, a qual o mesmo denomina de um “Movimento cultural” e talvez um dos mais importantes que já se viu após “Ozildo Albano” que o mesmo considera não só como uma pessoa que foi devotada para as artes, mas como um conjunto de ações que o podemos definir como também sendo um movimento cultural que existiu e que hoje o inspira.

Confira entrevista com Luis Édio Leal Costa.

Wallysson Bernardes: Fale um pouco do trabalho da UPE?
Leal Costa: Basicamente uma entidade aglomera pessoas que tem o mesmo objetivo, mas que na maioria das vezes só ficam entre si esses benefícios. Tentamos na UPE sermos diferente, tentamos ser um agente transformador social-cultural do nosso meio, tentamos não ficar somente conosco o conhecimento, mas tentamos compartilhar essas idéias e transforma-las em práticas, mesmo que simples.

Wallysson Bernardes: Hoje quantos escritores e poetas participam da entidade?
Leal Costa: Hoje a UPE possui 43 membros, sendo que uma boa parte reside fora. Mas somos uma entidade bastante heterogenia, temos no nosso quadro poetas, atores, artistas plásticos, cordelista, cantores. Como a nossa entidade não se trata de uma instituição com número de cadeiras estipuladas, nem precisa de eleições para filiação, a UPE recebe qualquer um que se enquadre no artigo 26º do estatuto que diz que para poder se associar basta ter um acervo de escritos, mesmo que ainda não tenha sido publicado.

Wallysson Bernardes: Comente um pouco sobre sua obra dividida nos seguintes volumes: Suspiros líricos e melancólicos, Sentimentalidades, Mal do século, Lira picoense-poemas, Poesias de borrão, Lira dos 30 anos, Seteno, Ciclóide e Suspiros líricos e aflição.
Leal Costa: Apesar de todos serem ainda inéditos, ou seja, não estão passivos de mudanças, mas resolvi organiza-los assim, pois se tratam de momentos e temas diferentes da minha poética. Como eu digo no meu poeminha intitulado “ Das Pegadas”.

Eu vi tudo que escrevi (lamento!)
Ficar pra trás...
E aquelas datas de meus poemas, aliás,
São minhas pegadas no tempo.

Wallysson Bernardes: Falta incentivo por parte dos governantes?
Leal Costa: Na verdade desconheço na história de Picos uma lei de incentivo à cultura, o que sempre existiu em Picos foi a “política do pedir patrocínio”, isso é uma prática provinciana, para melhor definir a nossa situação aqui em Picos. Torna-nos reféns de favores de um político ou outro, não que isso seja ruim pedir apoio a político, mas o apoio deve partir dos projetos-leis deles. E vivemos hoje da ajuda de empresários que vez por outra oferta um pouco para cultura, mas nada que seja por cultura exatamente. Para definir melhor hoje: cada escritor é seu próprio editor, custeia seus próprios trabalhos.

Wallysson Bernardes: A população costuma cobrar a construção de novos museus e bibliotecas. Por que fazer novos museus quando há tantos sem verbas, sem acervo, sem obras?
Leal Costa: Bem verdade, porém gostaria de citar umas palavras da professora Jaildes para externa o que penso sobre isso: “Ás vezes dizemos não entender porque as crianças e jovens são tão fascinados e apaixonados pelos vídeos games e Lan-houses, mas é bom lembrar que é com isso que eles convivem no dia-a-dia, e é o que encontram em toda esquina ou às vezes dentro ou na calçada de sua casa...”
Cabe a todos nós fazer despertar nas pessoas o gosto pelas artes, e assim esses espaços seriam criados, se não existir, e quando existirem serão utilizados, e quando utilizados com gosto serão feitas as devidas cobranças.

Wallysson Bernardes: Picos têm descoberto e promovido talentos e manifestações artísticas populares e eruditas?
Leal Costa: Para responder a sua pergunta, gostaria de fazer uma observação a respeito da palavra “Picos”, não enxergo apenas Picos, mas enxergo uma mesorregião e que ultrapassa isso, pois temos mais de 40 cidades circunvizinhas que compartilhamos nosso trabalho, nosso comércio, nossas amizades e também nossos talentos. Picos é uma “Cidade-Região”, com quase de 600 mil habitantes.
Todos nós sabemos que “Picos” é um celeiro de talentos, e todos nós sabemos que não são “explorados”, o pior é que sabemos mas não fazemos nada para mudar isso. O pouco desses talentos que são manifestados são por conta de seus próprios esforços e dom, nada mais, isso me entristece, deixa-me sem perspectiva.

Wallysson Bernardes: Não está faltando uma política de audiovisual para o estado mais clara e objetiva? Porque Picos ainda não conta com um Cinema ou mesmo um Teatro?
Leal Costa: O Talento maior do picoense é para o comércio, mas não vejo isso como total crença. Temos grandes empresários na cidade que não vêem isso, ou simplesmente não querem explorar esses dois tipos de “comércios”, poderemos falar dessa forma.
Hoje você ver grandes empreendimentos em Picos sendo construídos um colado ao outro, mas você não ver um empresário desse sendo “ousado ou original” em querer explorar a cultura.
Com um teatro em Picos, poderíamos ter grandes peças teatrais, com atores “‘globais”, ao mesmo tempo abriria espaço para o teatro local.
Com o cinema poderia incentivar mais a produção de filmes na cidade ainda gerar grande momento de entretenimento e lazer para jovens, crianças e mulheres, digo isso, pois para adultos e homens temos os bares, único “espaço de lazer” existe em nossa cidade, mas não vêem dessa forma infelizmente.

Wallysson Bernardes: Quais os principais avanços e quais suas críticas às políticas de cultura do Governo Lula?
Leal Costa: Sem dúvida foi o governo que “fez mais” pela cultura brasileira, só que ta faltando esses projetos se tornarem mais reais, mais palpáveis para que todos vejam esses benefícios na prática.
Sei que deve existir uma busca recíproca, mas como não existe essa cultura, acredito que a “cultura” deve procurar o cidadão, ao invés de esperá-lo. É o desenvolver cultura. Uma Secretaria de Cultura tem um importante papel para desenvolver.

Wallysson Bernardes: Com as novas tecnologias, como o senhor avalia a questão dos direitos autorais hoje?
Leal Costa: O que eu tenho visto é que a “quebra desses direitos” está fazendo muita valia para os artistas. Hoje temos os camelôs como um agente divulgador da cultura, já que os órgãos responsáveis não estão desenvolvendo esse papel.
Se não fosse a “ilegalidade” o talento da Stephany não teria aparecido para o Brasil, se não fosse a venda de DVD pirata do filme “Ai que vida” o mesmo não teria sido um sucesso de público e incentivo à produção de outros curtas e longas em todo o estado, inclusive aqui em Picos.
Não estou aqui defendendo a ilegalidade, mas seria bom se todos os camelôs, pelo menos em Picos, tivessem nossas obras sendo vendidas, dessa forma estariam nos ajudando, difundindo nossa cultura.

Wallysson Bernardes: Qual o principal objetivo da UPE para 2009 e algo que não conseguiu concretizar em 2008?
Leal Costa: Só em nos mantermos já é o suficiente, só em não desistirmos já é um grande objetivo alcançado (risos...). Mas falando sério, tenho um objetivo maior ainda para realizar, não foi no ano passado, não tenho certeza se será nesse ano, mas sei que um dia iremos realizar que é a “Semana de arte de Picos”, na qual inspirada na “Semana de Arte de 1922” deverá despertar em todos os artistas dessa cidade-região uma vontade maior de fazer cultura.

Wallysson Bernardes: Quais são os objetivos gerais do projeto RECITART?
Leal Costa: O Recitart é mais uma inquietude desse grupo de pessoas que formam o Grupo de Teatro PBC, UPE e Alerp (Academia de Letras da Região de Picos) em teimar em fazer cultura. Claro que o objetivo maior é difundir a cultura, de mostrar o talento, mas o Recitart é um projeto audacioso que tentar aos poucos despertar na cidade o gosto pela arte. É tanto que é tudo feito com recursos dos seus próprios idealizadores e sem nenhum fim lucrativo financeiro.

Wallysson Bernardes: Espaço aberto...
Leal Costa: Hoje Picos vive um dos melhores momentos para se fazer cultura, temos TV, internet, rádios basta apenas pequenos esforços, pequenas ações para que nos tornemos também a segunda cidade do estado em cultura.
Temos hoje escritores e poetas de altíssima qualidade, que não fica nada a desejar a nenhuma outra cidade, basta procurar pesquisar mais sobre nossos autores e suas obras, basta apenas participarem dos nossos eventos culturais que realizamos e que sempre são divulgados pela mídia, e também que nos visitem em nosso endereço eletrônico www.upeonline.net.

Fonte: 


(http://www.portalopovo.com.br/noticia_detalhe.php?id=2834)

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